Victor Zequi
Resenha: Fotografação, de Lauro Escorel
Atualizado: 27 de nov. de 2020
postado também no letterboxd (https://letterboxd.com/zequi/)

Visões do Brasil: por José Medeiros
Fotografação conta um pouco da história da fotografia no Brasil, desde a chegada do primeiro daguerreótipo ao país em 1840, percorrendo todo o processo de registro, documentação e propagação de imagens do território brasileiro preconizada por D. Pedro I até a democratização da fotografia e sua posterior influência na fotografia cinematográfica; passando por exemplo, pela histórica viagem do Mário de Andrade pelo Brasil, onde fez muitos registros notáveis.
O foco do filme é, certamente, a fotografia documental; as fotorreportagens, representações e a memória da cultura fotográfica brasileira (e como isso veio influenciar a ficção, em filmes nacionais que buscaram, cada um à sua maneira, retratar uma ideia/visão de povo brasileiro). Alguns nomes destacados são os de Marc Ferrez, Pierre Verger, Hildegard Rosenthal, Marcel Gautherot, Luiz Carlos Barreto, entre outros e outras fotógraf@s que não só registraram, mas sobretudo, lançaram sobre o Brasil seus olhares pessoais.
Um ensaio bastante rico e deslumbrante imageticamente, com reflexões valiosas sobre a história mutante do ato de fotografar (a fotografação). Tudo ilustrado com registros de gigantes que lançaram seus olhares especiais para o nosso país de maneiras distintas, e que ajudaram a formar a ideia de Brasil que se tem hoje (dentro e fora do país!).
Quem assiste ao trailer pode achar que o filme se propõe a lançar uma investigação a respeito da fotografação digital e contemporânea, tema com o qual Lauro abre o filme. Mas isso (junto a quaisquer referências de nov@s fotógrafos brasileiros contemporâneos) é sequer explorado em profundidade, o mérito do filme sendo realmente a pesquisa histórica apaixonada, e alguns depoimentos bastante enriquecedores (entre as quais está a gigante Maureen Bisilliat), restando ao final até um – raro – gostinho de “quero mais” (talvez por isso mesmo ninguém na sessão tenha se levantado até terminarem os créditos); o filme é curto, e certamente havia tempo de sobra para discutir mais a fundo a questão sobre a fotografia contemporânea, com a qual se encerra um pouco prematuro.
Muito interessante! Um filme para apaixonados por fotografia (e principalmente, pelo Brasil).
Sou suspeito pra falar.
Assistido no Instituto Moreira Sales Paulista.